Conheci Marcelo Callado na rua Álvaro Ramos, em Botafogo.
Antes de termos em comum o instrumento, tínhamos em comum uma grande figura que nos foi muito marcante, o Dr. José Luiz Lyra, meu ex-sogro e pediatra do Marcelinho, que na ocasião não era uma criança, mas devia estar em plena adolescência quando este médico me pediu para conversar com o menino de olhos atentos que me que dizia que gostava muito do Mulheres que Dizem Sim.
Esse encontro foi feito nos arredores do bar Barbas, em Botafogo, onde naquela noite houve um show do Mulheres.
Mais tarde reencontrei Marcelo já tocando bateria, na casa do Pedro Sá, que virou um ponto de encontro para a geração dos amigos do Pedro e para a geração dos amigos do Jonas, seu irmão mais novo.
Todo domingo havia ali uma pizza colaborativa, até que entre as camadas de molho de tomate e de queijo muzzarela ou muçarela, as gerações se confundiram numa só.
Ricardo Dias Gomes, Gabriel Mayall, Jonas e Pedro Sá, Thiago Queiroz, Eduardo Manso, Estevão Casé, Rubinho Jacobina, Gnomo, Bartolo, Nina Becker, Leo Monteiro, Thomas Harres, Renato Martins, Alexander Zhemchuzhnikov, Marcos Thanus e Gustavo Benjão estão presentes na ficha técnica, assim como outros novos parceiros que surgiram.
Devo ressaltar que o Benjão, além de tocar vários instrumentos, assina junto a Marcelo uma boa parte do repertório.
A impressão que se tem, olhando a lista dos que participaram, é que as presenças foram escolhidas por histórias de vida, encontros, para além da verve musical.
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E foi com muito entusiasmo que acompanhei o Carne de Segunda na feira de São Cristóvão para ajudar a filmar um videoclipe.
Nessa época Marcelo e eu dividíamos o banco da bateria e o mesmo terno do figurino das peças-Cabaré-filosófico do Domingos de Oliveira, no teatro do Planetário na Gávea.
Acho que temos em comum mais essa grande figura em nossa formação autodidata, assim como um pouco mais tarde o Caetano Veloso.
E é com o mesmo entusiasmo que escuto os discos Do Amor, desdobramento do Carne, o Gambito Budapeste, com Nina Becker, e agora, o projeto Han Sollo II, desdobramento de todos os desdobramentos.
Pra frente é que se anda... Mesmo se na Millennium Falcon da cena underground do Rio de Janeiro.
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Me identifico com Marcelo Callado não só na peculiar visão de mundo, do viés de um fundo de palco, por detrás dos tambores. Acredito que para ele, assim como para mim, um projeto solo ou Han Sollo é simplesmente mais um lugar para encontrar os amigos e desenvolver as músicas que cabem ali.
E é por isso que escutando o disco novo do Marcelo, ao mesmo tempo em que me emociono com as novas canções como Oceanos (música que foi gravada por Ava Rocha), Minha Cama (música que gravei no disco da Ana Claudia Lomelino), Brejal, Ancora, essas com belos arranjos de sopro, flautas, saxofones, clarinetes, me comovo com esse seu momento inspirado, e reconheço algo profundamente natural, como se me surpreendesse em constatar exatamente o mesmo Marcelo que conheço e admiro.
Não gostaria de usar este espaço para analisar ou fazer algum tipo de levantamento crítico do disco faixa a faixa. Na certa ainda vão fazer isso!
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Creio que como seres humanos somos únicos, ou melhor, cada um (ou todos nós) temos nossos temas que são também resultados de uma série de coisas, e essa configuração que deu no que deu passa categoricamente pela rua Álvaro Ramos, pelo tarol da escola de samba São Clemente, pela camiseta preta com a marca de alguma banda e suada num dia de calor, pelo cheiro forte dos cases danificados que carregam os pratos pra lá e pra cá, cheiro esse que é mistura de birita, letras de música, CDs do Devo, Beatles, fitas demo, confetes, corda velha, filipetas, farpas de baquetas, Mulheres, Creedence, as músicas do Renato Martins, Raul Seixas...
Aprendi com a geração do Marcelo como pode ser tão abrangente a palavra “rock”. Como o que gostamos disso pode estar em qualquer lugar, e que às vezes, por complexos motivos do mundo atual, não encontramos mais no próprio rock algo que corresponda a essa atitude diante da vida e da arte.
Atitude essa que escutamos aqui.
Entre a passagem de som e o show, conheci Marcelo na rua Álvaro Ramos, em Botafogo.
Sou o Marcelo e toquei e toco bateria com: Caetano Veloso, Jorge Mautner, Branco Mello, Nina Becker, Silvia Machete, Alice
Caymmi, Ava Rocha, Kassin, Canastra, Rubinho Jacobina, Lafayette & Os Temendões, Lucas Santtana, Jonas Sá, Arnaldo Antunes, Zé Bonitinho, Domingos de Oliveira, Do Amor, Carne de Segunda…….
Agora é a vez de lançar meu novo disco "Hiato"....more
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